Por Prof. Dr. Carlos César Ribeiro Santos – Pesquisador do Instituto SENAI de Inovação em Logística

É notória a importância e o crescimento estratégico que a logística empresarial obteve dentro das organizações nos últimos 20 anos. Tudo isso é resultado do aumento da competitividade, demanda por cadeias de suprimentos cada vez mais resilientes e um novo tipo de cliente mais urgente e qualificado. Além disso, a exigência pelo respeito ao meio ambiente sinérgico aos desafios de redução de custos tem trazido à luz discussões importantes sobre novas fontes de energia para a distribuição física. Um desses novos caminhos de pesquisa é a utilização do hidrogênio verde como uma grande alternativa para uma cadeia de suprimentos mais sustentável e competitiva. É a busca pela descarbonização. 

O hidrogênio verde, produzido por meio de processos de eletrólise da água usando eletricidade renovável, como solar ou eólica, está se tornando uma parte cada vez mais importante da transição para uma economia de baixo carbono. Quando pensamos em sua integração na cadeia de suprimentos, há algumas áreas-chave e grandes desafios a considerar. O primeiro desafio é o da produção de hidrogênio verde que requer uma cadeia de suprimentos robusta que inclui equipamentos para eletrólise, sistemas de energia renovável, e infraestrutura para armazenamento e transporte. Isso significa que há uma demanda crescente por tecnologias relacionadas e materiais necessários para esses sistemas. O segundo desafio refere-se à logística. A cadeia de suprimentos para o hidrogênio verde precisa de uma logística bem desenvolvida para transportar o hidrogênio produzido para os locais de consumo. Isso pode envolver a construção de novas infraestruturas de transporte, como gasodutos dedicados ou veículos especiais para transporte. 

Sabemos que o hidrogênio é difícil de armazenar – terceiro desafio –devido à sua baixa densidade de energia, o que significa que são necessários sistemas de armazenamento específicos, como tanques de alta pressão ou métodos de armazenamento de hidrogênio em forma de líquido ou sólido. A cadeia de suprimentos precisa garantir o acesso a esses sistemas de armazenamento. Para tornar a produção de hidrogênio verde verdadeiramente sustentável, é importante considerar a economia circular, onde os subprodutos e resíduos são minimizados e reutilizados sempre que possível ao longo da cadeia de suprimentos.

Assim, para o alcance efetivo destes desafios aqui apresentados é crucial promover a inovação e a colaboração/integração entre empresas, governos e instituições de pesquisa para resolver os desafios técnicos e de infraestrutura ao longo da cadeia de suprimentos. Caso os desafios apresentados sejam alcançados, ao incorporar o hidrogênio verde na cadeia de suprimentos, as empresas poderão reduzir sua pegada de carbono e cumprir metas de sustentabilidade. Além disso, as empresas também poderão diversificar sua matriz energética, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Isso pode aumentar a resiliência da cadeia de suprimentos, reduzindo a vulnerabilidade a flutuações nos preços dos combustíveis e a interrupções no fornecimento. Destacamos ainda que a integração do hidrogênio verde na cadeia de suprimentos estimula a inovação tecnológica em uma variedade de setores, incluindo energia renovável, eletrólise, armazenamento de energia e transporte. Isso pode levar ao desenvolvimento de novas tecnologias e soluções mais eficientes e econômicas ao longo da cadeia de suprimentos. 

Portanto, o hidrogênio verde abre novas oportunidades de negócios em toda a cadeia de suprimentos, desde a produção e distribuição até o armazenamento e uso final. Assim, seu futuro nas cadeias de suprimento parece bastante promissor, como uma forte alternativa de energia limpa e versátil que pode ajudar a impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono. Com investimentos contínuos em tecnologia, infraestrutura e regulamentação, o hidrogênio verde tem o potencial de se tornar uma parte essencial e integrada das cadeias de suprimento globais. Artigo publicado: https://doi.org/10.54751/revistafoco.v16n1-102